As lições da intimidade

Há um presente em que adivinhamos o diálogo com a época que vivemos, com os sonhos e as desilusões, com o amor que o conduz por entre os acasos e as decisões que transformam a existência numa fonte inesgotável de poesia, sendo aqui que se pode encontrar o motivo para considerar que a experiência é o ponto de partida para a escrita, constituindo a base do conhecimento do mundo e do ser. É esta com efeito a mais alta qualidade da sua poética: tomar como base do poema o que poderia não ser mais do que um episódio diário na sua existência, e ver como o desenvolvimento ao longo da sua escrita, mais do que captar esse real, o liga a quem o vive através de um olhar que pensa e sente, e nessa conjunção permite transcender o efémero em algo de permanente.»
Nuno Júdice, no Prefácio