«Se o abstraccionismo duma grande tapeçaria de Portalegre (1971, p. 241), vendida há oito
anos num leilão Cabral Moncada por 16 000 €, o dobro do seu valor-base, nos dá conta da
grande evolução plástica do pintor, e se o luxuoso álbum camoniano de 1972, já referido,
constitui «o canto do cisne do ilustrador» (Silva, p. 204), Jorge sublinha o longevo trabalho
expositivo de Thomaz de Mello, «talvez o mais relevante de todo o design português da
especialidade», por vezes «agregando competências de ideólogo, comissário e arquitecto» (p. 214).
Todavia, os seus derradeiros anos de vida são marcados pelo «ostracismo dos seus pares, que
deixaram Tom de fora de alguns dos eventos ligados à emergência de uma nova geração de
designers e da consciência do design como disciplina», o mais significativo dos quais, certamente,
foi a criação da Associação Portuguesa de Designers em 1976, de cujo movimento ele foi excluído
«sem grande surpresa» (Bártolo, p. 16). De pouco lhe valeu ter sido «um designer imprescindível»
(Bártolo, p. 9), «parceiro ideal das grandes empresas e instituições públicas» (Silva, p. 214). Assim
se compreende, afinal, o silêncio a que tem sido votado e que este notável livro põe agora fim,
abrindo também caminho a novas e continuadas inquirições.»
Vasco Medeiros Rosa, sobre «Tom – ilustração e design», de Jorge Silva, no Observador (16 Janeiro 2021)